segunda-feira, 14 de julho de 2008

Arquétipos

(sem o "corporativo", porque eu me recuso a soar repetitivo)


"O mundo se divide entre 2 tipos de pessoas: as que gostam do que fazem e aquelas que passam o tempo todo pensando no que poderiam estar fazendo, se não tivessem que trabalhar. Trabalho é apenas o que paga as suas contas? Ou o que faz tudo valer a pena? O que é o trabalho para você?" (Itaú Personnalité)
"Não é o que você sente por dentro que define quem você é, e sim o que você faz" (Bruce Wayne - se você lê quadrinhos, entendeu o que acabou de ler. Se não lê… bem, não é agora que vai começar a entender essas coisas)

Você já parou para perceber alguns comportamentos e perfis típicos da maioria das organizações? E como VOCÊ se comporta no ambiente de trabalho? Qual a sua máscara? Sua imagem pública? Sua persona? Qual a sua postura no trabalho: considera-o apenas um meio de sustento ou algo que te define como pessoa?

Bem... gastei algumas horas de meu - digamos - "Ócio Criativo" para trazer algumas conclusões aqui prá você. E, do alto da minha pseudo-proto-psicologia-corporativa-de-buteco, destaco alguns modelos: (à medida que eu for me lembrando, posto os outros)

a) Os neófitos. Recém saídos da faculdade. Cheios de empolgação.
Ah, a juventude... me remetem a uma época que não volta jamais - quando eu era jovem e inconsequente. Porque hoje eu sou velho e inconsequente!
Recém saídos da casa dos pais, do mundo acadêmido.. tudo é um mar-de-rosas: as pessoas são francas e verdadeiras; o salário é justo; a empresa te reconhece; e o fluminense é campeão da Libertadores! (rsrsrsrsrsrsrs... não resisti!)
Mas aí, invariavelmente, algo abrupto ocorre e estes se decepcionam. Suas expectativas não são respondidas ou, pior, vêem-se envolvidos com um dos arquétipos abaixo.
Depois de tomar esse tal "choque de realidade", os "calouros" vestem-se com o manto do cinismo e se tornam um dos perfis a seguir. Sua inocência foi roubada.

b) Os dinossauros. O sabotador. O passivo-agressivo.
Prá início de conversa, um dinossauro não precisa ser, necessariamente, velho. Mas é contrário a tudo o que é novo; à mudanças e à inovações. Por que seu mundinho assim foi concebido: assim é e assim deverá ser. Toda alteração poderá (e será) prejudicial à ele próprio (interessante como esses tipos não conseguem se enxergar como parte de um sistema maior, chamado EMPRESA).
Seu futuro é uma aposentadoria pelo INSS: enormes filas no banco, condução apertada e salário minguado - pratos cheios prá quem adora reclamar da vida. Pode se tornar um h).

c) Os incompetentes. Estes, ainda sub-divido em 3 grupos:
1) os que foram alçados à escalas superiores, sem capacitação. O PMBOK chama isso de "Halo Effect" - é aquele ténico muito bom, que, quando promovido à gerente, neguim descobre que o cara não consegue se relacionar com pessoas. Tem a ver também com o Princípio de Peter, da incompetência corporativa. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_de_Peter)
2) os que ficaram no "mata-burro". São profissionais competentes, mas que perderam-se no tempo. Não se capacitaram, a sua onda passou e agora estão desatualizados no mercado. Não são nem neófitos, nem dinosauros. Estão naquela fase da carreira em que tem que se decidir: galgar carreira gerencial ou sair fora. São o elo-perdido entre o técnico e o gerente.
3) os burros de nascença. Os desmotivados. Os que estão aqui "de favor". Enquanto os 2 tipos anteriores estão passando por uma incompetência temporária (assim esperamos - só depende deles!) esse terceiro não tem jeito. Podem virar d) ou e).

d) Os Puxa-saco
Adulador, babão, baba-ovo, cafofa, capacho, chupa-caldo, enxuga-gelo, escova-botas, lambe-cu, lambeteiro, lisonjeador, mesureiro, pelego, puxa-saco, servil... Quem não reconhece um puxa-saco? "O bajulador é um hermafrodita, um assexuado político, o seu prazer, o seu orgasmo é puxar saco, adular. Vive em permanente estado de rastejamento."
Todos eles carecem de baixa auto-estima e sabem que são dispensáveis por suas qualidades produtivas. Por isso, só vêem escapatória apelando para sessões intensivas de massagem no ego de seus superiores. São os "idiotas-úteis", que nunca têm opinião. Dignos de pena - e porrada!

e) As Piranhas de Escritório
Caso radical de puxa-saco. A engenharia social elevada à n-ésima potância. Ao contrário do "puxa-saco", a "piranha" não mantém necessariamente uma relação servil com seu chefe/superior. Muitas vezes, ela consegue inverter essa relação.
É bom lembrar que nem todas as "piranhas de escritório" são do sexo feminino. E nem todas apelam necessariamente para prazeres sexuais. Se ela for minimamente inteligente (e boa, acima de tudo), a mínima insunuação basta para atingir seus objetivos.
Eu mesmo criei duas - eu sabia que tava fazendo merda e fiz assim mesmo ("Ah, a juventude...2 - a missão")
Mas o tempo passa. E a piranha de escritório se tranforma numa uva-passa. (hã? hã? sacaram o chiste?). Se tornam um novo e temível arquétipo: o dinossauro-sexual. Vcs se lembram da Vovó Zilda, da família Dinossauros? Pois é.

f) Relação "Master/Slave"
Para cada capacho, existe um pé a pisá-lo. Para todo ser servil e rastejante, existe uma contra-partida boçal e violenta, que tenta manter-se no controle pela truculência. O chicote. O açoite. Os mantenedores do status quo. Os hipócritas: bastiões da ordem, da moral e dos bons costumes. São criadores de dinossauros.
São pessoas que vão morrer em horário de expediente, de frente às suas estação de trabalho. E ninguém vai sentir falta.

g) O Técnico Purista, que suporta nas costas as aberrações acima. A vítima. O estóico. O alienado. O boi-de-piranha. Representante de uma casta inferior, a quem não foi dada voz. E, mesmo que lhe fosse dada alguma oportunidade de se expressar, preferiria não fazê-lo. É o perfil que mais me intriga: será que eles é que estão certos?!?!?!?!?!?!?
Pode se tornar um b)... e até um c).

(Bom, vou ficando por aqui... pq ainda faltam 7661 dias para minha aposentadoria)

PS. "É na burocracia que o Brasil patina. Por conta do desvio de recursos produtivos para atividades improdutivas". Fala recente de um senador da República, criticando o total "overhead" de processos. Alguma semelhança com a sua empresa? Ou só agora vc caiu na real que ela é realmente um retrato do país?
PS.2. propositalmente, não existe a letra h). Mas leia-se desempregado ou aposentado.

2 comentários:

Bruce Banner / Clark Kent / Bruce Wayne disse...

Engraçado é quando esses sujeitos se mesclam de uma forma bastante interessante... pude analisando friamente ver que no meu ambiente de trbalho a fauna esta bem preservada, ainda temos de todas as especies em quantidade considerável. jr

Manoel Neto disse...

Qualquer simples problema se pode tornar insolúvel se fizermos um número suficientes de reuniões para o discutir.
(Arthur Bloch)