segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Inspetor Bugiganga

Quando comecei a trabalhar, nos idos de 1992, logo fui apresentado ao tal "kit babaca": Rolex, caneta Mont Blanc e pager. De pronto, dispensei: "drogas, tô fora - gosto mais de mim!". Rolex prá que? Prá ser roubado no busum? E o tal "pager" (pros mais novos, ele foi o vovô do celular)? A coleira eletrônica dos anos 90.

Os anos se passaram... os gadgets evoluíram... e eu ainda me pergunto: precisa disso? Convivemos com tanto pendrive, PalmTop, iPod, GPS, IPhone... E os celulares? Com TV, MP3, câmera com resolução "Zilhão de Mpixel"... e que NÃO LIGAM simplesmente porque são planos pré-pagos e neguim não comprou cartão! huahuahuahuahuahua

E o maior dos símbolos fálicos de status dentro de uma empresa: o Notebook. Só que, nesse caso específico, é ao contrário: quanto menor o laptop, maior é a mágica que ele proporciona! É uma revoada de péla-saco carregando aquele trambolho prá-lá e prá-cá - com pretensa urgência - denotando pessoas atarefadas e imprescindíveis à companhia. Tá bom... eu acredito!

As reuniões tornaram-se um total desperdício de tempo: iniciam-se sempre com uma interminável comparação de celulares, passando para símbolos menores da decadência consumista (iPods e Palms), culminando na comparação dos Notebooks. Assuntos que deveriam ser resolvidos em minutos geram reuniões inúteis que duram horas!

Aqui segue um relato comovente - e verídico: na última semana, cheguei propositalmente atrasado a uma reunião (cansei desses jogos de "eu-tenho-você-não-tem" ainda na minha adolescência) e fui conferir os monitores dos notebooks para saber em que pé estava o assunto. Pois bem: um estava cuidando de assuntos pessoais (trabalho de pós), outro estava lendo e-mails, o terceiro estava no MSN! Fiquei possesso imaginando onde erramos... o que tornara o ser humano tão ridículo?

Eu fico imaginando: o Universo possui um sem-fim de possibilidades. O Homem poderia estar se aperfeiçoando, relendo os clássicos da literatura, conhecendo países e culturas novas... poderia estar provando pratos exóticos... poderia simplesmente descansar... praticar seu esporte preferido... ou mesmo, jogar conversa fora num buteco... mas porque certas pessoas (e, na minha área, elas são ainda mais comuns) preferem investir nessas bugigangas - que logo, logo estarão ultrapassadas, diga-se de passagem? Afinal, vão-se os anéis e ficam os dedos, não é mesmo?

Finalizando, tenho que deixar de ser chato e reconhecer: parabéns aos marqueteiros de plantão! Conseguiram criar necessidade onde, com certeza, não existia!

Falando Mal dos Outros: um serviço de futilidade pública!

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